segunda-feira, 16 de julho de 2012

O Danúbio não é azul

Bom, comecemos com as justificativas. Primeiro, já descumpri minha promessa de postar diariamente. Por incrível que pareça, acabo tendo menos tempo para isso aos finais do que durante a semana. Rogo que me perdoem, sobretudo porque não farei postagens meia-boca só para cumprir cronograma. Se tenho veia artística ressaltada ou não, julguem-me vocês, mas minhas obras, sejam profissionais ou amadoras, são artesanais. Nem sempre vingam, como qualquer empresa humana, mas eu procuro sempre fazer o melhor com qualquer coisa que efetivamente me proponho a fazer. Como este blog. A outra justificativa é em relação à lamentável omissão do meu projetado roteiro italiano de uma passagem por Maranello, com visita à sede da Ferrari, seguida do Grande Prêmio de Monza de Fórmula 1 - o que significa que eu terei que fazer o roteiro num mês de setembro. Já respondi ao comentário correlato à minha primeira postagem do PROSUGO, mas elaboro melhor o meu pedido de desculpas aqui, ressaltando que tentarei, sob permissão de quem de direito, é claro, ingressar em Maranello pela entrada da cidade interditada pelos tiffosi em razão do Gilles Villeneuve ter marcado o asfalto ali depois de uma arrancada com a sua Ferrari de passeio.

Adiante. Calha que minha ideia de percorrer a trilha ciclística do Rio Danúbio não é exatamente original: uma curta pesquisa, que foi o que tive tempo de fazer, me informou que se trata de uma dos roteiros mais populares de verão entre os próprios europeus. Mas que se dane. Eu não quero simplesmente passear, eu quero e vou também estudar, documentar, entrevistar e absorver o máximo de informação possível acerca da história, geografia e geologia do curso d'água. Escrevendo isto, me ocorre que este é um assunto que me fascina desde garoto. Eu já era chato e caxias - talvez mais do que sou hoje - e era indignado desde que me dei por gente com a poluição dos Rios Tietê e Pinheiros. Não entendia como se deixava que eles fossem tão sujos. Não tinha, obviamente, discernimento para entender o que era uma ocupação imobiliária irregular, nem do uso político que se faz delas, nem, portanto, da inexistência de vontade política e da própria população envolvida em acabar com elas e em investir em saneamento básico, pois isso acabaria com os gatos no esgoto e na água encanada, etc., etc., etc. Mas fosse pelo que fosse, não gostava de ter cursos d'água tão caudalosos e poluídos na minha cidade. Hoje, a geografia - a hidrografia, particularmente - me intriga mais, pois é meio louco pensar que um filete de água que brota dos cafundós do meio do mato em Salesópolis vai virar um rio imponente que vai acabar por banhar Buenos Aires e Montevidéu. E se isso é verdade para o coitadinho do Tietê, que não tem trilha nenhuma que eu consiga seguir civilizadamente da nascente à foz, também o é para o glamouroso Danúbio, embora ele seja marrom - por barrento, não poluído, ao menos no trecho em que eu o conheci, em Budapeste - não azul, como sugeriu Strauss em sua eterna valsa. O que não o impede de ser um belíssimo e encantador rio.

Preciso ainda levantar muito mais informações sobre os preparativos necessários para uma excursão dessas, mas a boa notícia é que há uma infinidade de sites, alguns aparentemente muito elucidativos, sobre o tema. É questão de tempo até que eu consiga sorver tudo o que preciso saber. Fora isso, ainda também sou bizarramente leigo acerca de bicicletas propriamente ditas. A única coisa que sei é que gosto muito de pedalá-las! Entretanto, tenho muito o que aprender sobre os melhores tipos e modelos de bicicleta para os meus objetivos, manutenção, preservação e segurança, seja relacionada à minha própria integridade física, ou seja, proteção contra acidentes, como da própria bicicleta, ou seja, se há possibilidade de eu fazer seguro da gloriosa magrela. Eu espero que sim; sou um entusiasta de fazer seguro, o que pode decorrer da realidade da segurança pública deste tosco País.

Termino mudando um pouco o assunto para o também projetado roteiro escocês, isto porque uma das razões pelas quais eu não consegui escrever durante o final de semana foi a exibição do filme Coração Valente em algum dos canais da TV a cabo - o que me prontificou a assistir ao filme pela enésima vez. O filme tem uma fotografia fantástica, o argumento é bastante dramatizado em comparação com os eventos históricos e o resultado final, na minha modesta opinião, é muito bom. A pancadaria no melhor estilo - literal - sangue na tela ajuda, é claro. O que eu gostaria de registrar neste ponto, no entanto, é a curiosidade em relação ao álbum Tunes Of War lançado pela banda alemã Grave Digger mais ou menos na época do filme. Os desavisados podem crer que eles se inspiraram no filme, mas não é verdade. O Grave Digger, liderado pelo sex symbol elevado a menos um que é o Chris Boltendahl, realizou diversos álbuns épicos, cujas músicas contavam uma estória só, com começo, meio e fim. O Tunes Of War focou as guerras de independência da Escócia e o resultado agradou tanto os nacionais daquele país que a banda chegou a ser oficialmente adotada pelo clã de Cavanaugh. Enfim, fã de heavy metal e de história como sou, sem embargo da presepada de me locomover de bicicleta de destilaria a destilaria, aproveitarei os momentos de sobriedade para percorrer os palcos das clássicas batalhas de Stirling Bridge, Falkirk e Culloden Muir, por exemplo, e aprender e documentar um pouco mais da interessante história da Escócia e das Ilhas Britânicas em geral.

Sigam-me os parcamente ajuizados!

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